O Nascimento de Henrique
Eu engravidei na virada de 2010 para 2011 quando fomos passar uma semana na praia, em Maresias. Não estávamos planejando uma gravidez, mas também não tomamos cuidado. A gente achou que não fosse tão fácil engravidar, afinal as pessoas passam meses tentando! Mas esquecemos que, às vezes, se engravida de primeira. E com a gente foi assim! Logo na primeira quinzena de Janeiro já me senti diferente. A gente conversava e eu achava que estava inventando meus próprios sintomas, já que sabia que havia a possibilidade de estar grávida... mas algo me dizia, ou melhor, eu sentia algo diferente... uma azia que nunca tive, um sono estranho, e as mamas quentes.. que coisa mais estranha.. nunca ouvi falar sobre mamas quentes.. mas elas ficaram assim por alguns dias. Seria TPM? Seria gravidez psicológica? Aguardamos a menstruação descer... nada.. aguardamos alguns dias de atraso.. e nada. Resolvemos fazer o teste com 8 dias de atraso, em uma manhã de domingo, depois de uma noite de samba. Fizemos aquele teste da fitinha, duas vezes, para confirmar. Positivo! Inacreditável. Comemoramos e ficamos meio “anestesiados” com a novidade. Passamos uma semana sem contar para ninguém, pois eu queria esperar para ver se corria tudo bem mesmo, fazer um exame de sangue para ter certeza e tal. Mas não aguentamos, afinal, é muito estranho ter uma notícia boa como essa e não poder compartilhar com as pessoas que você ama. Após uma semana contamos para nossa família! Apesar da surpresa, mais comemoração!
A minha gravidez foi maravilhosa. Hoje eu costumo falar que foi a melhor fase da minha vida. Eu pedi muito para que eu tivesse uma gravidez saudável e que pudesse trabalhar até o final. Não somente pedi, mas me esforcei muito para isso. Mantive uma alimentação saudável, fiz exercícios até o final (alongamento, hidroginástica, caminhada), sempre bebi muita água e principalmente, aceitei todas as transformações do meu corpo com muita naturalidade e amor. Amei ver minha barriga crescer, amei ver meu corpo tomar formas diferentes, até alguns sintomas de gravidez indesejáveis que tive (hipoglicemia, tontura e muuuuuita azia) eu encarava com serenidade. Afinal, faz parte. Dessa forma, os nove meses foram tranquilos. Não tive problemas com a pressão, nem infecção de urina, nem dores eu tinha. Me adaptei super bem com a barriga, nada era desconfortável fazer, nem dormir. Ganhei 11kg e nem o meu pé inchou!
Quando você está grávida, você se transforma. É uma sensação única. As pessoas te tratam diferente em qualquer lugar que você estiver... você parece “blindada” pela barriga, pelo ser que carrega com você. Eu conversei muito com meu bebê, como se fosse uma amiga que estivesse sempre ao meu lado. Falava do trabalho, reclamava, chorava, explicava as coisas, brincava... sempre foi muito divertido.
Quando estava de 5 meses, começamos (eu e meu marido) a fazer parte do grupo de preparação para o parto com a doula que escolhemos. Os encontros foram maravilhosos, sempre com muitas informações importantes. Esqueci de contar que sou enfermeira obstetra e trabalho fazendo partos todos os dias. Sempre gostei de obstetrícia, desde o segundo ano da faculdade. Então, a parte fisiológica do processo de gestação, trabalho de parto e parto não era nada desconhecida para mim. Aproveitei a gestação para conversar mais com as mulheres das quais eu fazia o parto, queria entender o processo de forma mais profunda, porque eu estava careca de saber o que era contração, bolsa rota, indução, ocitocina etc, etc... mas eu queria entender a outra parte do processo. Mas eu acabei descobrindo que essa “outra parte” era muito difícil de ser acessada pelas mulheres que pariam dentro de um sistema hospitalar (local que eu trabalho), cheio de normas e rotinas infundadas. Enfim, passei a me concentrar naquilo que eu acreditava e praticamente “deletava” tudo o que eu presenciava nos plantões. Afinal, para cada intercorrência ocorrida, sempre tinha um contexto que explicava sua origem. E nessas horas, eu fazia questão de compreender isso internamente. Acontecia uma hemorragia? Pode ter sido pelo uso indiscriminado da ocitocina... Sofrimento fetal? Jejum, posição dorsal, ocitocina, amniotomia de rotina... e assim por diante. Meu marido aderiu completamente a ideia e se tornou praticamente um ativista em favor do parto natural. Ainda bem..! Os encontros do grupo foram essenciais para nossa preparação, sem essa vivência seria impossível viver o parto como eu desejava.
Desde a época da faculdade eu sempre quis ter um parto domiciliar, e sempre falei isso para todo mundo. Mas a maioria das pessoas nunca me levou a sério. Inclusive meu marido. Mas agora era a hora. Agora era o momento que eu poderia vivenciar o que sempre sonhei, o que sempre defendi. E não ia abrir mão disso, se não existisse uma real justificativa para tal. Todo o pré-natal eu fiz com meu médico do convênio. Excelente médico, muito atencioso e competente, porém, muito pouco envolvido com esse tipo de assistência. Definitivamente, esse não poderia ser o médico para o parto. Tentamos outro médico ainda com 3 meses, um médico popularmente conhecido como “humanizado” aqui na cidade. Porém, a forma como nos tratou na segunda consulta (frio e muito intransigente com pequenos detalhes, por exemplo, o ganho de peso) nos desanimou. Não voltamos mais nele. Tentamos uma médica de São Paulo com 7 meses. Ela nos atendeu muito bem, foi muito atenciosa. Ficamos empolgados, mas na segunda consulta (de novo!) algo me pareceu meio estranho... após alguns questionamentos, percebi que eu teria o parto normal em casa se absolutamente tudo ocorresse dentro de um padrão já pré-determinado e que pequenas alterações talvés não tivessem muita chance de discussão. Além do mais, me foi prescrito uma montanha de vitaminas e um monte de exames não convencionais (tipo a dosagem de cálcio...). Não me senti confortável com isso, afinal, sou uma pessoa saudável. Por fim, essa médica estaria viajando durante 10 dias, exatamente no período anterior a minha DPP. Então precisaríamos de outro profissional como segunda opção. Essa foi uma ajudinha do destino, creio eu! Passamos a fazer as últimas consultas com uma obstetriz de São Paulo. Após a primeira consulta, pronto, estava decidido. Ela estaria presente no dia do parto. Além disso, foi ela quem levantou um questionamento em minha cabeça quando conversamos pela primeira vez: porque uma enfermeira obstetra deseja ter um parto domiciliar assistido por um médico? Para mim, esse questionamento fez tanto sentindo que foi fácil entender porque eu não estava encontrando o médico “certo”...
Dia 15/09 por volta das 09:50h a minha bolsa rompeu. Eu estava navegando na Internet, senti um “ploc” e um líquido quentinho saindo... Apesar de eu romper bolsa todos os dias (apesar de minha vontade, na maioria das vezes...) e saber exatamente como é o líquido amniótico, é claro que, quando aconteceu comigo, eu fiquei na dúvida! Só me convenci mesmo depois de algumas horas, quando eu já tinha trocado uns 4 absorventes ensopados! Nesse período não falei nada pra ninguém, afinal, eu não estava sentindo absolutamente nada. Nesse mesmo dia a doula tinha marcado de vir aqui conhecer nossa casa. Ela chegou por volta das 11h e então contei pra ela que a bolsa tinha rompido. Ela ficou comigo por algumas horas, para ver se o trabalho de parto iria engrenar, almoçou aqui em casa, conversou muito com minha mãe sobre o parto, fizemos massagem de relaxamento e nada.. só sentia a barriga endurecer, mas sem dor nenhuma. Telefonei para a obstetriz que me orientou a esperar. Era o que eu podia fazer! Então contei para o meu marido que veio do trabalho para passar o final da tarde comigo. A tarde toda ficamos em casa, assistindo televisão, conversando, comendo e nada. No fim da tarde resolvi contar para meu pai, que então contou para minha mãe, pois eu achava que com o cair da noite algo aconteceria. A noite veio e continuei sem sentir nada. Quando era por volta das 20:00h conversei novamente com a obstetriz que orientou aguardar até o amanhecer, se nada tivesse acontecido iríamos para a maternidade para fazer uma ausculta fetal, um cardiotoco, um exame de sangue provavelmente. Fiquei chateada com isso, poxa vida, será que eu não iria desencadear o trabalho de parto? Estava tudo tão certinho, só faltavam as contrações. Quando foi por volta de 23h eu estava realmente chateada, até chorei com meu marido, achando que as coisas não iriam acontecer. Então ele falou para eu me acalmar, ir lá fora dar uma volta, respirar um pouco e aguardar pela madrugada. Foi o que eu fiz, sentei sozinha no banco da área, rezei, conversei comigo mesmo, com meu corpo, com o bebê, com o universo e pedi para que as coisas acontecessem. E fui dormir! Com certeza eu devo ter liberado algo que estava bloqueando o trabalho de parto e por volta da 1h da manhã comecei a sentir as contrações. Passei toda a madrugada com contrações, rolando de um lado para o outro... Algumas eram fracas, outras mais fortes, bem irregulares. Levantamos às 6h e então resolvemos chamar a doula, apesar de eu ainda achar que era um pouco cedo, pois as contrações ainda estavam começando a regularizar (3 em 10min).
A doula chegou por volta das 7:30h, assim como minha sogra e a tia de meu marido. Ficamos fazendo alguns exercícios na bola, na sala de TV. Contrações já regulares, bem próximas e suportáveis. Ligamos para a obstetriz. Resolvi entrar na hidromassagem, pois não estava encontrando uma posição confortável e queria ficar sozinha, reclusa. Queria somente meu marido e a doula por perto. Sentia que precisava disso para me concentrar.
A minha gravidez foi maravilhosa. Hoje eu costumo falar que foi a melhor fase da minha vida. Eu pedi muito para que eu tivesse uma gravidez saudável e que pudesse trabalhar até o final. Não somente pedi, mas me esforcei muito para isso. Mantive uma alimentação saudável, fiz exercícios até o final (alongamento, hidroginástica, caminhada), sempre bebi muita água e principalmente, aceitei todas as transformações do meu corpo com muita naturalidade e amor. Amei ver minha barriga crescer, amei ver meu corpo tomar formas diferentes, até alguns sintomas de gravidez indesejáveis que tive (hipoglicemia, tontura e muuuuuita azia) eu encarava com serenidade. Afinal, faz parte. Dessa forma, os nove meses foram tranquilos. Não tive problemas com a pressão, nem infecção de urina, nem dores eu tinha. Me adaptei super bem com a barriga, nada era desconfortável fazer, nem dormir. Ganhei 11kg e nem o meu pé inchou!
Quando você está grávida, você se transforma. É uma sensação única. As pessoas te tratam diferente em qualquer lugar que você estiver... você parece “blindada” pela barriga, pelo ser que carrega com você. Eu conversei muito com meu bebê, como se fosse uma amiga que estivesse sempre ao meu lado. Falava do trabalho, reclamava, chorava, explicava as coisas, brincava... sempre foi muito divertido.
Quando estava de 5 meses, começamos (eu e meu marido) a fazer parte do grupo de preparação para o parto com a doula que escolhemos. Os encontros foram maravilhosos, sempre com muitas informações importantes. Esqueci de contar que sou enfermeira obstetra e trabalho fazendo partos todos os dias. Sempre gostei de obstetrícia, desde o segundo ano da faculdade. Então, a parte fisiológica do processo de gestação, trabalho de parto e parto não era nada desconhecida para mim. Aproveitei a gestação para conversar mais com as mulheres das quais eu fazia o parto, queria entender o processo de forma mais profunda, porque eu estava careca de saber o que era contração, bolsa rota, indução, ocitocina etc, etc... mas eu queria entender a outra parte do processo. Mas eu acabei descobrindo que essa “outra parte” era muito difícil de ser acessada pelas mulheres que pariam dentro de um sistema hospitalar (local que eu trabalho), cheio de normas e rotinas infundadas. Enfim, passei a me concentrar naquilo que eu acreditava e praticamente “deletava” tudo o que eu presenciava nos plantões. Afinal, para cada intercorrência ocorrida, sempre tinha um contexto que explicava sua origem. E nessas horas, eu fazia questão de compreender isso internamente. Acontecia uma hemorragia? Pode ter sido pelo uso indiscriminado da ocitocina... Sofrimento fetal? Jejum, posição dorsal, ocitocina, amniotomia de rotina... e assim por diante. Meu marido aderiu completamente a ideia e se tornou praticamente um ativista em favor do parto natural. Ainda bem..! Os encontros do grupo foram essenciais para nossa preparação, sem essa vivência seria impossível viver o parto como eu desejava.
Desde a época da faculdade eu sempre quis ter um parto domiciliar, e sempre falei isso para todo mundo. Mas a maioria das pessoas nunca me levou a sério. Inclusive meu marido. Mas agora era a hora. Agora era o momento que eu poderia vivenciar o que sempre sonhei, o que sempre defendi. E não ia abrir mão disso, se não existisse uma real justificativa para tal. Todo o pré-natal eu fiz com meu médico do convênio. Excelente médico, muito atencioso e competente, porém, muito pouco envolvido com esse tipo de assistência. Definitivamente, esse não poderia ser o médico para o parto. Tentamos outro médico ainda com 3 meses, um médico popularmente conhecido como “humanizado” aqui na cidade. Porém, a forma como nos tratou na segunda consulta (frio e muito intransigente com pequenos detalhes, por exemplo, o ganho de peso) nos desanimou. Não voltamos mais nele. Tentamos uma médica de São Paulo com 7 meses. Ela nos atendeu muito bem, foi muito atenciosa. Ficamos empolgados, mas na segunda consulta (de novo!) algo me pareceu meio estranho... após alguns questionamentos, percebi que eu teria o parto normal em casa se absolutamente tudo ocorresse dentro de um padrão já pré-determinado e que pequenas alterações talvés não tivessem muita chance de discussão. Além do mais, me foi prescrito uma montanha de vitaminas e um monte de exames não convencionais (tipo a dosagem de cálcio...). Não me senti confortável com isso, afinal, sou uma pessoa saudável. Por fim, essa médica estaria viajando durante 10 dias, exatamente no período anterior a minha DPP. Então precisaríamos de outro profissional como segunda opção. Essa foi uma ajudinha do destino, creio eu! Passamos a fazer as últimas consultas com uma obstetriz de São Paulo. Após a primeira consulta, pronto, estava decidido. Ela estaria presente no dia do parto. Além disso, foi ela quem levantou um questionamento em minha cabeça quando conversamos pela primeira vez: porque uma enfermeira obstetra deseja ter um parto domiciliar assistido por um médico? Para mim, esse questionamento fez tanto sentindo que foi fácil entender porque eu não estava encontrando o médico “certo”...
Dia 15/09 por volta das 09:50h a minha bolsa rompeu. Eu estava navegando na Internet, senti um “ploc” e um líquido quentinho saindo... Apesar de eu romper bolsa todos os dias (apesar de minha vontade, na maioria das vezes...) e saber exatamente como é o líquido amniótico, é claro que, quando aconteceu comigo, eu fiquei na dúvida! Só me convenci mesmo depois de algumas horas, quando eu já tinha trocado uns 4 absorventes ensopados! Nesse período não falei nada pra ninguém, afinal, eu não estava sentindo absolutamente nada. Nesse mesmo dia a doula tinha marcado de vir aqui conhecer nossa casa. Ela chegou por volta das 11h e então contei pra ela que a bolsa tinha rompido. Ela ficou comigo por algumas horas, para ver se o trabalho de parto iria engrenar, almoçou aqui em casa, conversou muito com minha mãe sobre o parto, fizemos massagem de relaxamento e nada.. só sentia a barriga endurecer, mas sem dor nenhuma. Telefonei para a obstetriz que me orientou a esperar. Era o que eu podia fazer! Então contei para o meu marido que veio do trabalho para passar o final da tarde comigo. A tarde toda ficamos em casa, assistindo televisão, conversando, comendo e nada. No fim da tarde resolvi contar para meu pai, que então contou para minha mãe, pois eu achava que com o cair da noite algo aconteceria. A noite veio e continuei sem sentir nada. Quando era por volta das 20:00h conversei novamente com a obstetriz que orientou aguardar até o amanhecer, se nada tivesse acontecido iríamos para a maternidade para fazer uma ausculta fetal, um cardiotoco, um exame de sangue provavelmente. Fiquei chateada com isso, poxa vida, será que eu não iria desencadear o trabalho de parto? Estava tudo tão certinho, só faltavam as contrações. Quando foi por volta de 23h eu estava realmente chateada, até chorei com meu marido, achando que as coisas não iriam acontecer. Então ele falou para eu me acalmar, ir lá fora dar uma volta, respirar um pouco e aguardar pela madrugada. Foi o que eu fiz, sentei sozinha no banco da área, rezei, conversei comigo mesmo, com meu corpo, com o bebê, com o universo e pedi para que as coisas acontecessem. E fui dormir! Com certeza eu devo ter liberado algo que estava bloqueando o trabalho de parto e por volta da 1h da manhã comecei a sentir as contrações. Passei toda a madrugada com contrações, rolando de um lado para o outro... Algumas eram fracas, outras mais fortes, bem irregulares. Levantamos às 6h e então resolvemos chamar a doula, apesar de eu ainda achar que era um pouco cedo, pois as contrações ainda estavam começando a regularizar (3 em 10min).
A doula chegou por volta das 7:30h, assim como minha sogra e a tia de meu marido. Ficamos fazendo alguns exercícios na bola, na sala de TV. Contrações já regulares, bem próximas e suportáveis. Ligamos para a obstetriz. Resolvi entrar na hidromassagem, pois não estava encontrando uma posição confortável e queria ficar sozinha, reclusa. Queria somente meu marido e a doula por perto. Sentia que precisava disso para me concentrar.
A obstetriz chegou por volta das 9h (eu acho) enquanto eu estava na hidro. Ouviu o coração do bebê, normal. Me examinou: 3cm, colo centrado, bem fino. Ok, não era exatamente o que eu desejava, mas vamos em frente. Fiz muitos exercícios na hidro, principalmente de vocalização durante as contrações. Assim conseguia respirar melhor e suportar as contrações. Umas eram muito curtas, outras longas e bem doloridas. Fiquei muito tempo de lado e depois de cócoras. Tomei muita água de coco, comi uns pedacinhos de chocolate (mas estava bem nauseada) e um pouco de amendoim.
Outro exame às 11hr (+-): 3-4cm... Nesse momento fiquei bem desanimada. As contrações, apesar de bem doloridas eram curtas (20-30seg). Por outro lado, eram muito seguidas, demoravam só um ou dois minutos para voltarem. Então eu fiquei meio perdida, achei que ia demorar demais, quase nem conseguia conversar, pois logo vinha outra contração. Fiquei meio agitada, sem saber o que fazer, de pé no banheiro e resmungando com meu marido. Nessa hora ele foi primordial. Foi ele quem me centrou novamente, quem me deu força para continuar. Ele não desanimou, pelo contrário, me lembrou de que era isso que eu queria, que a gente tinha se preparado para enfrentar esse momento e que a gente ia conseguir. Me acalmei. A doula sugeriu a banheira, eu aceitei. A água morna da banheira, no quarto e no escuro funcionou como um bálsamo. Lá eu relaxei mesmo. Ficamos sozinhos, meu marido entrou comigo na água, não via ninguém entrar nem sair do quarto. Fiquei de olhos fechados, ouvindo as músicas, conversava só com meu marido, dormia entre as contrações.
Lembro que quis me examinar depois de um tempo. Estava com 4-5cm, mas senti que a cabeça estava bem encaixada. A obstetriz ouviu o coração do bebê de novo. Tudo ok. Isso era aproximadamente 13h.
As contrações foram ficando mais intensas. Doía bem no “pé da barriga” e na lombar. As bolsas de água quente, mesmo debaixo d´agua aliviavam bem a dor, assim como as massagens. Apertar bem forte os pontos em que sentia a dor era o que mais me aliviava.
Comecei a sentir vontade de fazer força durante a contração. Era mais ou menos 15h. Em algumas eu tinha vontade, outras não. Falei para a obstetriz que me examinou: 7-8cm. Ufaaaa..! A partir de então, foi tudo bem rápido. Lembro de perceber a obstetriz arrumando as coisas dentro do quarto e ligando para a pediatra. Comecei a sentir vontade de fazer força em todas as contrações: 9cm! A obstetriz me falou que se eu fizesse força durante a contração, eu sentiria um alívio e menos dor. Foi o que eu fiz. Realmente é melhor. Fazer força sem medo, se entregar mesmo.
Senti que as pessoas foram entrando no quarto: minha sogra, a tia do meu marido, a doula, a obstetriz. A pediatra chegou (eu não a conhecia) e se apresentou de forma muito delicada, fiquei feliz e tranquila dela estar presente. Nesse momento também chegou uma amiga muito querida, enfermeira obstetra que trabalha comigo. Não a vi entrado no quarto, só me avisaram que ela estava lá. Depois, enquanto esperava outra contração ela cochichou ao meu lado umas palavras de encorajamento e ternura. Isso fez toda diferença. A doula também dizia palavras de incentivo, conversava com o bebê. Não abria os olhos para nada, precisava de concentração. Estava tudo escuro, só uma vela acesa e a música. Outro exame às 11hr (+-): 3-4cm... Nesse momento fiquei bem desanimada. As contrações, apesar de bem doloridas eram curtas (20-30seg). Por outro lado, eram muito seguidas, demoravam só um ou dois minutos para voltarem. Então eu fiquei meio perdida, achei que ia demorar demais, quase nem conseguia conversar, pois logo vinha outra contração. Fiquei meio agitada, sem saber o que fazer, de pé no banheiro e resmungando com meu marido. Nessa hora ele foi primordial. Foi ele quem me centrou novamente, quem me deu força para continuar. Ele não desanimou, pelo contrário, me lembrou de que era isso que eu queria, que a gente tinha se preparado para enfrentar esse momento e que a gente ia conseguir. Me acalmei. A doula sugeriu a banheira, eu aceitei. A água morna da banheira, no quarto e no escuro funcionou como um bálsamo. Lá eu relaxei mesmo. Ficamos sozinhos, meu marido entrou comigo na água, não via ninguém entrar nem sair do quarto. Fiquei de olhos fechados, ouvindo as músicas, conversava só com meu marido, dormia entre as contrações.
Lembro que quis me examinar depois de um tempo. Estava com 4-5cm, mas senti que a cabeça estava bem encaixada. A obstetriz ouviu o coração do bebê de novo. Tudo ok. Isso era aproximadamente 13h.
As contrações foram ficando mais intensas. Doía bem no “pé da barriga” e na lombar. As bolsas de água quente, mesmo debaixo d´agua aliviavam bem a dor, assim como as massagens. Apertar bem forte os pontos em que sentia a dor era o que mais me aliviava.
Comecei a sentir vontade de fazer força durante a contração. Era mais ou menos 15h. Em algumas eu tinha vontade, outras não. Falei para a obstetriz que me examinou: 7-8cm. Ufaaaa..! A partir de então, foi tudo bem rápido. Lembro de perceber a obstetriz arrumando as coisas dentro do quarto e ligando para a pediatra. Comecei a sentir vontade de fazer força em todas as contrações: 9cm! A obstetriz me falou que se eu fizesse força durante a contração, eu sentiria um alívio e menos dor. Foi o que eu fiz. Realmente é melhor. Fazer força sem medo, se entregar mesmo.
Procurei a melhor posição para fazer força. Deitada de lado não conseguia direito. De cócoras sustentada também não. De quatro eu senti muuuuita dor, não consegui ficar. A obstetriz sugeriu a banqueta de parto. Achei a posição certa. Meu marido sentou atrás de mim, me apoiando. Colocamos o espelho e pude enxergar a cabecinha lá dentro. Meu marido também sentiu a cabecinha do bebê durante a contração! Eu só queria que nascesse logo. A contração veio com tudo, senti muita vontade de fazer força. Senti perfeitamente o peso do bebê descendo. Senti medo também. Foram três boas contrações. Na hora que a cabeça começou a sair, senti o famoso círculo de fogo. Nossa, arde mesmo. Lembrei dos exercícios com o Epino, a sensação era muito parecida. Pensei que era a reta final, que dali não dava para desistir, então caprichei na força.
O Henrique nasceu às 16:26h, na água, no escuro e veio direto para meu colo. Chorou logo que eu o abracei. Pesou 3.750g e mediu 51,5cm. Eu tive apenas uns cortinhos que não precisaram de pontos!
Ficamos na banheira, eu, meu marido e o Henrique por volta de uns 5-10 minutos (eu acho) nos conhecendo! Depois levantei e fui andando para a cama, com o Henrique no colo, ainda ligado ao cordão umbilical. Na cama a placenta dequitou sem problemas.
Depois de parar de pulsar, acho que uns 10-15min após o parto, meu marido cortou o cordão umbilical. O Henrique ficou todo esse tempo no meu colo, aproveitei para amamenta-lo e só depois de um bom tempo a pediatra o pegou para examinar, pesar e colocar roupa. Aproveitei esse tempo para me trocar e tomar um super lanche, pois estava com muita fome e sede. A equipe foi se despedindo, todos foram embora e então, fomos nós três para o nosso quarto dormir!
Conhecer o meu filho, ser a primeira a tocá-lo, a abraçá-lo, a dizer “bem-vindo”, olhar seu rosto, cada detalhe seu, ouvir seu choro e sentir uma profunda transformação interna. Sentir a melhor sensação de vitória, de conquista, de pura felicidade e amor. De verdadeiro comprometimento com a vida. Olhar as pessoas em volta comemorando, recebendo com tanto amor e respeito esse novo ser.
São essas as lembranças que tenho do momento do seu nascimento. Também são essas as lembranças que desejo que cada família tenha desse momento tão lindo e sagrado como deve ser o parto.