¤ Relato do nascimento de Nara filha de Cris e Elias

O nascimento da Nara
15/06/2007

No final da tarde, a Lucía nos fez uma visita, saímos para caminhar no bairro. Quando voltamos, recebi uma sessão de massagens relaxantes no quarto. As contrações passaram a ser de 10' em 10'.

Não consegui mais dormir a partir de então.

16/06/2007

Às 4:30h da madrugada, Elias acorda e faz carinhos na minha barriga. A melhor posição nesse

período foi a de quatro apoios. A massagem nas costas e na bacia aliviava as dores das contrações.

Às 7h da manhã Elias saiu para comprar pão e suco, tomamos o café da manhã às 8h.

A Lucía chegou às 9:30h com os seus apetrechos de doula. Usamos principalmente a bola, várias bolsinhas de água quente e massagens.

As contrações já estavam de 5' em 5'. O Adaílton voltou de São Paulo e pediu que fôssemos para o Centro Médico para ele me examinar. A chegada no hospital foi ao meio-dia. No exame de toque, grande momento de frustração: eu estava com dilatação de 2 cm...

1a decisão: ficamos no hospital ou voltamos pra casa? Ficamos.

O CD preparado pelo Elias com as músicas que escolhemos para o parto foi muito bom, funcionou bem em casa e no quarto do hospital. Rebolar na bola ajudou muito a aliviar a dor nas costas.

Às 14h foi o ponto auge de dor, já não conseguia mais ficar em pé, os sentidos estavam estranhos, o raciocínio não era o mesmo e a respiração mudou com a ajuda da Lucía, passou da respiração de expelir o ar com força para a respiração do 'AAAAAA' que realmente levava o ar para baixo.

Elias foi fundamental, eu quis desistir, mas ele me carregou com a Lucía e disse para eu seguir adiante. Fomos para a bacia grande de escalda pé no chuveiro com sal marinho, comumente usada pela mãe para estender roupas no varal, foi a salvação.

Fiquei praticamente uma hora em transe, quase dormi sentada, creio que por alguns minutos eu cheguei a sonhar. A dor da contração era aguda, uma esmagada no cóccix longa e logo já vinha uma nova contração. Elias respirava junto comigo e me segurava sentado no banquinho de cócoras. Eu procurava pensar que a dor era suportável, mas às vezes isso era impossível... Foi punk...

Às 15h o Adailton chega para me examinar. Me fez sentar na bola e depois no banquinho de cócoras antes do exame de toque para avaliar a qualidade das contrações.

Acontece o inesperado: 8 cm de dilatação. Vitória pra todo mundo, choro e alegria geral, a mãe ficou muito comovida neste momento, eu tive certeza que ia tomar anestesia.

Às 15:30h fomos ao centro cirúrgico.

A anestesia peridural foi aplicada pelo Osvaldo do plantão do Centro Médico. Fiquei com medo,

mas o Adailton foi firme e me abraçou tentando passar segurança. Nesse momento, Elias e Lucía não estavam comigo, lamentável.

A anestesia demorou a fazer efeito, o que me deu um certo arrependimento de tê-la solicitado. No fim, creio que aliviou bem as dores das contrações e me ajudou no ato de expulsão da Nara.

Adailton rompeu a bolsa o que aumentou mais 1 cm de dilatação. Na fase do coroamento comecei a fazer força para expulsão. A primeira posição foi deitada de lado, erguendo a perna direita. Houve três momentos de força e nada. A segunda posição foi no banquinho de cócoras sobre a maca com o apoio do ferro das pederneiras. Mais três momentos de força e nada.

Na hora de fazer força, a Lucía e o Elias me apoiavam para que eu pudesse me concentrar sem me ater às conversas paralelas que aconteciam ao meu redor. Eu continuei com as respirações para baixo para ter forças na expulsão.

A última posição foi a tradicional, deitada de costas com as pernas para cima em V, muito desconfortável. Também houve três tentativas, na última a equipe médica toda ajudou, empurraram a minha barriga, o Adailton usou o extrator à vácuo quando a Nara surgiu, de costas para mim, com circular de cordão, toda roxa e as mãos brancas.

Foram segundos que pareceram horas até ouvirmos o primeiro choro da Nara nas mãos dos pediatras. Quando isso aconteceu, Elias ficou tão aliviado que descarregou tudo que estava sentindo, comovido com o nascimento da nossa filha e êxtase total, junto comigo, sempre.

Deixaram a Nara no meu colo por alguns minutos e já iam levá-la ao berçário quando a Lucía sugeriu o Tummy tub para retardar o tempo da nossa filha conosco. Foi lindo demais, Elias a segurava pelo queixo, ela ia se soltando na água e abriu os olhos. Olhou para todos que estavam presentes na sala do centro cirúrgico com muita determinação e clareza, parece que o mundo parou nesse instante totalmente sublime. Esse momento valeu por todos os acontecimentos desde o dia 13 de setembro de 2006.

A Nara nasceu às 17:22h, que ela viva tudo o que merece.

Depois de ficar no pós-operatório, cheguei no quarto às 19:20h. Quando a Nara veio aos meus braços ela foi direto no peito e sugou com muita vontade, já sabia plenamente o que fazer.

Vale ainda registrar que antes de engravidar, eu me consultava com um ginecologista de Barão Geraldo. Ele me disse que provavelmente eu faria uma cesariana, pois como o meu marido era descendente de ucranianos e eu sou descendente de japoneses, a cabeça da minha filha seria muito grande para a minha bacia estreita... Depois vim a ler no livro da Editora Unesp “Parto normal ou cesárea? O que toda mulher deve saber (e homem também)”, da Simone Grilo Diniz e da Ana Cristina Duarte, que esse é um dos argumentos utilizados pelos médicos cesaristas para convencerem as gestantes a terem parto cesárea... É lamentável, mas é verdade... Depois disso que vim a conhecer o Adailton e a Lucia Caldeyro, indicados por amigos, peças essenciais para que o parto da Nara fosse normal!

Cristiane Midori Ogushi 


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